
No último dia 24, tivemos a data mais importante para o varejo: a Black Friday 2023. Porém, para a grande maioria dos varejistas, os resultados ficaram abaixo da expectativa.
Relatório da Neotrust indicou que o faturamento do e-commerce brasileiro foi 14,4% menor comparado ao de 2022, atingindo a marca total de R$ 4,9 bilhões. A quantidade de pedidos também foi menor: queda de 15,8% vs 2022 – total de 7,6 millhões de pedidos.
A Neotrust monitora 2,5 mil varejistas e o relatório leva em consideração compras realizadas até as 18h do domingo (26/nov).
Ainda segundo a empresa, a categoria de eletrodomésticos liderou o número de pedidos e o faturamento desta Black Friday, representando 20,7% do total. Em seguida, vieram as categorias de eletrônicos e telefonia, com 15,4% e 11,7% do total comercializado, respectivamente.
O resultado foi na contramão das projeções que apontavam para aumento no faturamento da data deste ano, na comparação com 2022. A própria Neotrust tinha expectativa de que o faturamento crescesse 12% na data.
Novo cenário
Essa queda no faturamento durante a data demonstra alguns fatores que vem se intensificando no e-commerce brasileiro:
- Preocupação com rentabilidade: se em anos anteriores o maior objetivo era o aumento de GMV, em 2023 ficou claro que os varejistas não aceitam mais vender a qualquer preço. Em tempos de taxas de juros altas, ficar com estoque parado representa um grande custo de capital;
- Varejistas antecipando as ofertas: cada vez mais os varejos antecipam as baixas de preço para a semana (Black Week) ou até para o mês todo (Black November). Isso acontece, principalmente, para atrair os consumidores que começam a pesquisar seus produtos desejados com mais antecedência;
- Menor quantidade de SKUs promocionados: ainda devido ao maior foco em rentabilidade, os varejistas têm limitado as rebaixas de preço a menos SKUs.
Grandes Marketplaces reportam crescimento
Na contramão do varejo, Marketplaces como Mercado Livre, Amazon, Magalu e Shein apresentaram aumento no tráfego de suas plataformas.
O Mercado Livre, por exemplo, anunciou na sexta-feira (24/nov) que teve um crescimento de 80% nas vendas brutas (GMV) durante a Black Friday na comparação com 2022, marcando um recorde para a empresa.
De acordo com a companhia, esses números, que são parciais, refletem um avanço de 39% em relação ao mesmo período de 2022, ao considerar o desempenho global de novembro até o momento.
Para a Magalu, a aposta para a Black Friday foi na busca por uma maior rentabilidade na data, segundo executivos da empresa.
Isso demonstra que a combinação de alto tráfego e um ecossistema completo (commerce, pagamento, fullfilment, ads, etc) é um grande aliado para gerar ganhos de escala e aumento no market share.
Esses resultados confirmam uma tendência de concentração nos chamados Pure Players, apontada pelo estudo Webshoppers 48 (publicado pela Ebit Nielsen) sobre o primeiro semestre de 2023:

Fonte: Webshoppers 48
Segundo Paulo Thiago Camello, CEO da Build, “esses resultados mostram a importância dos varejistas buscarem ganhos de escala e a estruturação de um ecossistema completo. Apostar na construção de um Marketplace IN, por exemplo, é uma das formas de alcançar esse modelo.”
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