Na última semana, no dia 16 de Novembro, a Americanas finalmente divulgou a revisão dos resultados de 2021 e 2022, após dois adiamentos, e revelou um cenário ainda pior do que o esperado.
A varejista terminou 2022 com dívida líquida de R$ 26,3 bilhões, com uma piora de mais de R$ 12 bilhões comparado com 2021, e patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões.
A fraude contábil foi estimada em R$ 22,5 bilhões, muito próximo do rombo calculado quando a Americanas admitiu que o episódio ia muito além de "inconsistências contábeis".
A receita líquida consolidada atingiu a marca de R$ 25,8 bilhões, com o varejo digital representando 47% da receita geral da companhia. Na comparação entre 2022 e 2021, a receita do Digital caiu 27%.
Agora com o tamanho da dívida esclarecida, a Americanas aposta na sua retomada, que passa pela aprovação do plano de recuperação judicial que atualmente está sendo negociado com os principais credores da empresa e por um plano “estratégico” de crescimento focado “na fortaleza e resiliência do canal físico, complementado pela excelência operacional do digital”.
Como o Marketplace pode ajudar a empresa a sair dessa?
Durante a apresentação dos resultados, o CEO da empresa, Leonardo Coelho, falou sobre o futuro do marketplace da companhia e disse que a ideia é integrar cada vez mais os sellers à operação física da marca.
O plano é usar o marketplace como "prateleira infinita" das lojas físicas, usando os 1.600 PDVs físicos como polos de atendimento para sellers.
“Super 3P”
A companhia revelou que criou e está implementando o projeto Super 3P, cujo intuito é fortalecer sua operação de Marketplace.
Alguns dos pilares do plano são:
- Redução do prazo de repasse aos sellers: o ciclo anterior era quinzenal, agora boa parte dos sellers tem repasses semanais (que nesse caso tem acréscimo de 1% no comissionamento). Essa é uma medida que atrai a confiança do seller, já que, com um ciclo menor, ele tem muito mais segurança que receberá seus pagamentos da varejista, que encontra-se em um momento financeiro delicado;
- Aproximação dos sellers: no mês de outubro, a empresa promoveu um encontro de estratégias de vendas com os seus sellers. Com isso, ela afirma que conquistou 9mil novos sellers em 2023, sendo 40 grandes indústrias.
- Revisão de sortimento: o plano é concentrar nas lojas físicas as categorias pelas quais a varejista é conhecida, como chocolates e utilidades domésticas. No Digital, a empresa costumava priorizar no e-commerce produtos que precisam de venda assistida, como eletrodomésticos de linha branca e notebooks. “São categorias que tradicionalmente operávamos no 1P (venda digital direta da Americanas), mas que agora vamos priorizar o 3P (venda de sellers)”, diz o CEO Leonardo Coelho.
Após o baque da descoberta da fraude, a Americanas reduziu muito o investimento em marketing, o que causou uma grande queda no tráfego do seu site. A empresa sabe que trazer mais sellers e SKUs ajudará a gerar tráfego orgânico para a plataforma, o que beneficia tanto o sortimento 1P e o 3P;
“O Marketplace pode ser um fator aliado a Americanas neste momento de crise: a empresa ainda tem uma marca com muita força no varejo e, se conseguir superar a desconfiança do mercado e voltar a atrair sellers relevantes, pode utilizar o Marketplace como uma forma de gerar GMV sem precisar comprar mercadorias e aumentar seus estoques. Isso em um momento de dificuldade de caixa pode ser uma válvula de escape para a companhia”, analisa Paulo Thiago Camêllo, CEO da BUILD.
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